Notícias

Secult encerra abril Indígena

Programação que iniciou no último dia 19 abordou diversos temas para entender os desafios e os avanços das lutas dos povos originários
Por Josie Soeiro (SECULT)
24/04/2021 14h19 - Atualizada em em 24/04/2021 14h23

Encerrou nesta sexta-feira (23), a programação Abril Indígena, promovida pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secut). A iniciativa teve como objetivo ampliar os debates sobre os desafios e os avanços das lutas dos povos originários. As atividades iniciaram na segunda-feira, (19), e foram transmitidas e acompanhadas por internautas de todo o Estado, através do canal da Secult, no YouTube.

A programação trouxe um time de convidados de peso, predominantemente formado por mulheres. No dia (22), a ativista, ambientalista e defensora dos direitos humanos, Juma Xipaia, e a ativista, Rita Tembé falaram sobre “O protagonismo indígena pela perspectiva feminina”, com mediação da museóloga e educadora patrimonial, Angélica Albuquerque. Em seguida, a arqueóloga indígena, Caroline Sousa, a arqueóloga e professora adjunta da UFPA, Daiana Travassos, falaram sobre “Arqueologia e passado indígena”, com a mediação da arqueóloga e Museóloga, Emilly Santos.

Sobre a importância da arqueologia indígena na contribuição para o fortalecimento das lutas povos originários, a arqueóloga indígena, Carolina Sousa destaca que “Acredito que não é apenas trazer a discussão sobre arqueologia indígena para a sociedade ocidental e para dentro da academia, mas facilitar práticas que tragam os conhecimentos dos Povos Originários. Assim resultará em políticas públicas para ajudar na luta contra a devastação do meio Ambiente do nosso povo, e da nossa existência”.

O último dia de ação começou com a live “Museu e memória indígena: experiências museais a partir do documentário “Xicrin do Caeté”, que teve a participação da diretora do Museu de Parauapebas, Rebeca Sousa, da produtora cultural, diretora e roteirista, Luciana Lacatelli, do coordenador pedagógico de educação indígena de Parauapebas, Katop Ti Xcrin e do museólogo, antropólogo e coordenador de documentação e pesquisa do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), Emanoel Oliveira Jr.

 

“Os museus, historicamente falando, possuem uma relação delicada com as chamadas "minorias" e, nesse caso, com os povos indígenas. É inegável o quanto tais instituições contribuíram, a partir do racismo científico legado pelo século XIX, para a inserção de concepções negativas sobre estes povos, algo ainda hoje muito presente no imaginário brasileiro. Só mais recentemente, com dados de pesquisa advindos da Paleobotânica, a Antropologia e a Arqueologia, é que a noção de que tais sujeitos tem dado lugar a uma percepção mais adequada, a de que eles e seus antepassados, foram e ainda são detentores de um tipo de tecnologia perene capaz de agenciar por mais de 11 mil anos, no caso da Amazônia, os recursos da floresta sem, no entanto, causar seu desequilíbrio. Em um momento em que tanto se fala no futuro do planeta, no avanço da crise climática, nas ameaças anti-democráticas e na descolonização do conhecimento, promover esta discussão a partir dos museus é reconhecer um erro histórico que precisa urgentemente ser debatido em ambientes menos restritivos, a fim de que possamos avançar em direção a um modelo de sociedade cada vez mais ciente de que é justamente a diversidade que irá nos salvar do colaps”, destacou Emanoel Oliveira Jr.

Em seguida, a escritora, poeta, ativista indígena ambiental e ouvidora do município de Belém, Márcia Kambeba e a liderança indígena Wendel Tembé, conversaram sobre as “Narrativas orais, literatura indígena e identidade étinica”, com a mediação do historiador e técnico do SIMM, André Luis.

Toda a programação segue disponível ao público, gratuitamente, no canal da Secult no YouTube: Secult Pará.