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Acervo de 4 milhões de documentos do Arquivo Público do Pará preserva a história amazônica

Vinculado à Secult, o Apep completa 123 anos de existência em 2024, sendo referência principalmente para estudantes e pesquisadores
Por Juliana Amaral (ASCOM)
09/04/2024 16h00

Estudantes e pesquisadores consultam as obras preservadas no Arquivo Público

Considerado uma referência da história colonial na Amazônia Legal e suas fronteiras, uma das mais importantes instituições da Amazônia completa 123 anos em 2024. Sob a gestão da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), o Arquivo Público do Estado do Pará (Apep) promove iniciativas de democratização do acesso à informação e preserva 4 milhões de documentos, referentes a pesquisas de períodos do Império e da República no Brasil. 

De modo geral, os arquivos públicos são corporações essenciais para a gestão pública, viabilizando transparência e preservação da história. O Apep salvaguarda algumas curiosidades, como a planta do monumento construído em homenagem ao ex-senador e ex-governador do Estado Lauro Sodré, no mercado de São Brás. Por meio dessa planta é possível visualizar mudanças que ocorreram ao longo do tempo.

Uma parte significativa do acervo é composta por iconografias, registros de imagens sobre os mais variados temas. Entre os documentos mais peculiares está uma denúncia feita em 1793, envolvendo uma autoridade que supostamente se transformava em lobisomem.

Acervo resguarda documentos do período colonial

Colonização - O Arquivo também dispõe de documentação de outros estados da Amazônia Legal, como Amazonas e Amapá – por exemplo, a adesão à Independência da cidade de Manaus e um censo populacional em Mazagão, município amapaense. “São documentos que falam da Amazônia Legal inteira. Temos documentação do Piauí, que na época colonial fazia parte da região. Documentos que falam sobre a colonização portuguesa, o contato dos portugueses com os indígenas. São 4 milhões de documentos que retratam toda essa vida política, econômica e militar na Amazônia. O público que frequenta o Arquivo é composto principalmente por pesquisadores”, conta o diretor do Apep, Leonardo Torii.

Historiador Leonardo Torii, diretor do Arquivo Público

“Nos últimos anos nós procuramos chegar a outros públicos, fizemos um trabalho intensivo levando exposições de documentos em escolas, não só da grande Belém, mas também do interior do Estado. Conseguimos chegar a várias prefeituras com projetos de oficinas e palestras. A ideia é ampliar esse público visitante, o usuário do arquivo”, conclui Torii.

Fonte de conhecimento - O professor da faculdade de História da Universidade Federal do Pará (UFPA), Márcio Couto Henrique, informa que, frequentemente, leva alunos de iniciação científica ao Arquivo para complementar a instrução dos novos pesquisadores, assim como ocorreu na época de sua formação como historiador.

“Eu vim muito aqui na época da minha graduação, especialmente para escrever meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). A minha área é história indígena, trabalho com populações indígenas do século XIX, período em que os indígenas por um lado foram eleitos como símbolo da identidade cultural brasileira, idealizados e romantizados, mas na prática foram alvos de muita violência e escravidão. O Arquivo foi fundamental para o desenvolvimento dessa pesquisa, desde a graduação, depois parte do meu mestrado, doutorado, do primeiro pós-doutorado e, agora, para o segundo também”, relata o pesquisador. 

O Arquivo Público também recebe pessoas que buscam por documentos para anexar em processos administrativos ou jurídicos, como expedição de dupla cidadania, comprovação de tempo de serviço e regularização fundiária.